Cine-teatro
Desde sempre a Nazaré foi uma terra voltada para a cultura e o espetáculo. Em finais do século XIX, o desenvolvimento cultural da terra começava a fervilhar. Este “desenvolvimento” teve reflexos não só nas pescas e nas pequenas indústrias, mas também no campo da música e do teatro.
A 1 de maio de 1879, é formada uma sociedade por ações, com a finalidade de se construir o primeiro Teatro, na Nazaré.
A sociedade era constituída por Porfírio José Caiado (médico); Mouzinho de Albuquerque (chefe de alfândega); João Paulo dos Santos (aspirante aduaneiro); Sofálio Augusto Carvalho Proença (funcionário alfandegário); Aires José Caiado (comerciante); Pedro Gregório dos Santos, Joaquim Inácio Carmo e António Inácio Carmo (proprietários).
Um edifício de pedra e cal, servindo anteriormente de adega, pertença de Francisco Silvério, situado numa rua junto à estrada, a que foi posteriormente dada o nome de Rua do Teatro, atualmente a Rua da Pátria, acolheu o teatro.
Constituído por cinco camarotes, um dos quais fronteiro ao palco, na parte superior, ladeados por galerias ou varandas. As frisas, em número de doze, dispunham-se em volta da plateia, estando as que se situavam junto ao palco destinadas à Direção.
Na verga da porta, em grandes letras de fantasia, podia ler-se “TEATRO PRAIENSE”. Era neste Teatro, arrematado nas épocas de Verão, por diversas companhias que aqui apresentavam os seus espetáculos. As companhias dos atores Soares e a dos Irmãos Silvas foram as primeiras a pisar o palco.
Poucos anos depois era construído um segundo Teatro, já em madeira, num lugar mais central da Nazaré, a Rua do Areal, a que foi dado o nome de “TEATRO BARRACA”. Com o surgimento deste segundo Teatro, o primeiro fecha as portas.
A vontade de proporcionar aos espectadores mais comodidades deu azo à destruição do Teatro Barraca, e à construção de outro, que recebeu o nome “TEATRO CHALET”. Esta nova sala seria inaugurada a 20 de agosto de 1905, pela Companhia do ator Constantino Matos, que a alugou para a época balnear.
“As atividades teatrais na Nazaré foram-se sucedendo, e a 17 de fevereiro de 1909 realizou-se, no Teatro Chalet, uma récita, cuja receita se destinou aos famintos do Douro”. (In, Ventura, Raimundo, Histórias dos Sítios e das Gentes – A Nazaré e a cultura, Notícias da Nazaré, Novembro de 1993, pág. 7).
A 1 de abril de 1909, a Nazaré enriquece o seu património cultural com a abertura de um novo Teatro, construído de pedra e cal, no local onde hoje se situa o Hotel da Nazaré, a que foi dado o nome de “TEATRO REPÚBLICA”, e cujo proprietário era António Filipe de Carvalho.
A casa ficou, também, conhecida por “TEATRO DOS CAÇÕES”, pois ali se apresentavam espetáculos de cançonetas e de monólogos, aos domingos. Foi aqui, que na época balnear, se realizaram os famosos “Bailes das Sopeiras”.
A renovação das salas de Teatro era uma constante. José Mendonça, de Santarém, manda construir o “TEATRO CIRCO”, inaugurado a 15 de agosto de 1925, substituindo o “Teatro Chalet”. A sua existência foi, contudo, bastante curta, pois um fogo, a 1 de outubro, do mesmo ano, deixou somente de pé as paredes do edifício.
No ano seguinte, 1926, é inaugurado o “TEATRO CHABY PINHEIRO”, pertença da Casa da Nazaré (atual Confraria de Nossa Senhora da Nazaré), que ainda hoje se encontra em funcionamento.
Em 1930, Frederico Pereira, Administrador da Casa da Nazaré, compra as ruínas do Teatro Circo, surgindo do seu restauro o atual Cineteatro da Nazaré, mais conhecido entre os nazarenos, como Casino. A inauguração foi a 1º de Agosto de 1930.
Era um edifício circundado por um belo gradeamento, construído por António carepa Boto, Raimundo Ventura e Henrique Murraças, nas oficinas de José Nunes, sob direção de um grande mestre serralheiro de Alcobaça. O gradeamento protegia o jardim ali existente.
Frederico Pereira vendeu o Casino a Manuel António Campos e a Eleutério de Sousa Neves, que posteriormente o arrendaram à firma Amável Fidalgo & Silvas Lda.
Mais tarde, foi novamente vendido a Manuel Zeferino, mas este não o chegou a explorar, pois o direito de preferência dos atrás mencionados arrendatários levou a uma contenda judicial que, no ano de 1945, foi favorável a Amável Fidalgo & Silvas Lda., fazendo-se, então, a escritura de venda. Anos depois é novamente vendido, tendo sido adquirido por Carlos Luís Marques Gaspar.
Também conhecido como “TEATRO CINEMA CASINO PARAÍSO”, o espaço é adquirido pela Câmara Municipal, em 1999, com o objetivo de se proceder à sua remodelação. Em agosto de 2001 reabre ao público, como uma sala de espetáculos, com capacidade para 447 espectadores.